* Matéria veiculada na revista +Saúde de Ourinhos
A Rede de Combate ao câncer com mais de 130 voluntárias, atendem quase 400 pacientes carentes de câncer em Ourinhos
“Desejar, de verdade, nós desejamos que o câncer acabasse. Mas como é difícil, nós pelo menos tentamos oferecer uma boa qualidade de vida ao paciente, um pouco de dignidade”, afirmou uma voluntária da RECCO (Rede de Combate ao Câncer) em entrevista a + saúde. Em poucas palavras é fácil perceber o quanto elas transmitem amor, carinho a pessoas que precisam muito mais do que dinheiro.
Sônia Prado, Maria Alice Carvalho e Ana Moyá Silva são voluntárias da rede (cada uma com uma função) e destacam seu trabalho em uma das entidades mais respeitadas de Ourinhos e região. Existente há 13 anos, a Recco tem como objetivo dar suporte ao paciente carente com o câncer oferecendo alimentação suplementar, exames, remédios, leite, encaminhamento para tratamento entre outros. Hoje, elas são 130 voluntarias distribuídas em diversos setores como visita, plantão, bazar, oficina de artesanato, recolhimento de carnes, etc.
Entre os mais de 380 pacientes atendidos em Ourinhos, as voluntárias destacam algumas historias surpreendentes, tristes, felizes e principalmente emocionantes.
“No começo era muito difícil, pois haviam poucas voluntárias e todo mundo acabava fazendo um pouquinho de tudo. Existem pacientes, uns até que já faleceram, que realmente marcam nossa vida. Alguns acabaram se tornando amigos”, afirmou Ana.
Nos últimos dias, as voluntárias estavam resolvendo o problema de uma senhora que desistiu do tratamento há alguns anos, e a família esta desesperada por ajuda. “A filha dela foi até minha casa pedir ajuda, pois sua mãe havia parado de comer. Ela disse que foi tentar marcar consulta no psiquiatra do posto de saúde, mas a consulta seria marcada para alguns meses e ela não sabia o que fazer”.
A consulta de uma psiquiatra particular chegava aos R$ 200, que a família não teria condições de pagar. “Nós ajudamos as pessoas que não conseguem pagar as consultas, os exames. Pagamos metade, a pessoa acaba ajudando um pouco e no final da tudo certo. Neste caso eu tive que ligar para a médica que aceitou fazer a consulta por metade do preço”, destacou Moya.
Maria Alice destaca o quanto as pessoas mais carentes são gratas a Rede. “Nós nunca encontramos pessoas revoltadas. Elas estão sempre muito agradecidas, fazem cafésinho, oferecer o pouco que eles tem e sempre fazem questão que fiquemos lá conversando, batendo papo. Isso é uma satisfação muito grande”, lembrou.
E quando as pessoas estão passando pela fase terminal da doença, as voluntárias estão sempre presentes. “Infelizmente isso acaba ocorrendo bastante e quando vemos que aquele paciente não vai resistir, tentamos pensar no melhor: que ele vai ver Deus, vai finalmente conhecê-lo e chegar aos céus. Isso acaba sendo um consolo”.
Sônia que é a atual presidente da Recco, afirma que se uniu a rede quando passou na pele o que os pacientes do câncer passam. “A doença é muito chocante. Eu tive câncer de mama e quando me aposentei senti que deveria ajudar pessoas que passaram pela mesma coisa que eu”.
“Agora estamos batalhando ainda mais porque estamos construindo nossa nova sede, próximo ao terminal rodoviário, em um terreno que foi doado pela prefeitura. Tudo que levantamos até agora foi de doação da população de Ourinhos, que só tenho a agradecer por acreditarem na rede”, concluiu.
Histórico – A Recco já existia em Santa Cruz do Rio Pardo quando foi fundada em Ourinhos através da Loja Maçônica União e Justiça. Neiva Garcia Munhoz juntamente com Vânia Palharim começaram a trabalhar pelos pacientes de câncer com as senhoras do cruzeiro do sul e não pararam mais.
Em 2009, a Recco realizou mais de 2 mil atendimentos no plantão, 279 visitas domiciliares e 222 atendimentos psicológicos. Foram mais de 90 mil reais utilizados em doação de medicamentos, exames, complementos alimentares, fraudas, cestas básicas, materiais cirúrgicos, auxilio transporte entre outros.
As voluntárias que se subdividem em vários setores realizam eventos beneficentes como chás e jantares. Mais de 600 sócios contribuintes ajudam todos os meses “cada um dá o que pode. Uns dão 5, 10 reais, outros dão mais, porém é isso que ajuda a rede a caminhar”, afirmou Ana.